Ao contrário e às avessas.

Devo admitir que tenho um desvio de comportamento.

Tá, não é só UMM desvio de comportamento, mas prefiro tratar apenas deste, neste post.

Tudo que eu considero interessante e que um dia, passa a ser interessante para todos, me desinteressa. Faz sentido?

Por exemplo, todo adolescente que não tenha sido isolado em um abrigo nuclear pelos pais, já aderiu a algum modismo. Seja algum estilo de roupa, ou musical, ou algum fanatismo inexplicável por algum programa/personagem da tv. Não raro, era tudo isso junto.

Na minha adolescência o que predominava era o pagode. Sim, o pagode. Alexandre Pires no começo da carreira...Só Pra Contrariar, eu não gostava. Eu gostava de uma coisa tão brega quanto, mas inversamente popular. Eu gostava de Paulo Ricardo. Paulo QUEM, Celise?? Minhas amigas perguntavam. Eu dizia: Gentemmm, ele é muito gato. Fez muito sucesso! RPM, já ouviram falar? Óbvio que há 12 anos atrás, Olhar 43 parecia nome de perfume brega e a única loira gelada que as minhas amiguinhas haviam conhecido era a loira do banheiro.

E o Paulo tava naquela fase brega... cantava músicas românticas de composição própria e as mais sofridas do Roberto Carlos. Então, ninguém dava lhufas pro Paulo Ricardo. Era uma coisa que só eu curtia... uma coisa que me identificava.

De repente, em um dos ataques de insanidade que fatalmente dão certo, o Silvio colocou uma novela nova no ar. Ah, pegou uma loirinha de protagonista, Sabrit alguma coisa, e um grandão Dalton Vigh, que ninguém sabia direito quem era. E pra completar, quem cantava a abertura, cheio de caras e bocas? QUEM?

Assistia a novela todos os dias, só pra ver a abertura. Como era de se esperar, aqueles olhinhos de Deuso Grego conquistaram mais algumas fãs. E mais. E mais. De repente: OH! O PAULO RICARDO É UM GATO, CONHECE ELE, CELISE? Ah, ainda bem que só no Texas crianças de família tem fácil acesso à armas de fogo. Não ia sobrar uma presilinha de testemunha.
Aí, ele fez outra abertura de novela, ia no banquinho do Raul Gil, fez até uma ponta em uma novela da Globo. Ele era lindo pra mais um monte de garotas. Bah! NÃO GOSTO MAIS E PRONTO.

Por isso que, às vezes, não gosto de falar do que todo mundo fala. Me dá tédio.
- O Obama ganhou? Bacana, fico feliz.
- Começou a nova edição do Big Brother brasileiro. Péssimo, mas eu já assisti um dia.
- O Dado Dolabella é um idiota? Talvez seja, talvez não... ele nunca deu uma machadada na minha mesa de vidro.
- Mataram uma família toda em Americana porque o cara era caloteiro? Seu Madruga e Chiquinha: CORRAM!
O problema dos assuntos over-comentados é que (desculpe se você se sentirá ofendido com o que eu vou dizer agora) desacredito que a sua opinião seja sua, mesmo.
Outro dia eu estava copiando uma receita em um desses portais de programa da tarde, e tinha alguma coisa como: "Luana posta em seu blog sua ida ao cabeleireiro".
Embaixo das fotos da moça cheia de papel alumínio na cabeça, vinha comentários do tipo: "Luana, você é uma fútil, onde já se viu colocar fotos de você descolorindo o cabelo, olha o tipo de coisa que você dá valor", " Você é uma idiota". "Você é uma grossa, retardada". Ela pode ser. Mas onde foram fudamentadas essas opiniões? Talvez as próprias pessoas que criticaram a foto do cabeleireiro tenha uma tão ou mais ridícula que aquela, publicada no seu próprio perfil do orkut.
Então, pode ser que na páscoa e eu não fale de coelhinhos e chocolate. Possivelmente, eu fale antes. Pode ser que seja meu aniversário, e eu não publique um bolo com velhinhas. Pode ser que eu não fale nenhuma vezinha da novela nova da Globo e pode ser que eu fale algumas vezes do Datena, da Luciana Gimenez e do Barazal.

Pode ter certeza que tudo o que eu escrever, vai ter minha cara e minhas opiniões.
Ao contrário e às avessas.