Tenho que fazer esse post antes que seja tarde... por dois motivos: antes que todo mundo note, e isso não seja novidade e, antes que o filme seja contemplado com os 13 Oscars nas categorias que concorre, e eu pareça uma idiota dizendo idiotices.
Sou cinéfila e acho justo vez ou outra, escrever minhas opiniões neste blog.
Não estudei cinema, não entendo muita coisa de ângulos e planos, e o máximo que posso dizer sobre efeitos especiais é : "Uhhh, legal" ou " Affe, tosco". Mas de todos os meus critérios que julgam quanto "Uau" é um filme, o mais importante deles é o fator SURPRESA.
Não estou falando só de twist no final do filme, aquela coisa: "MEO DEOS, então a mocinha é filha do padre que não acreditava em Deus, e que se casou com a prostituta que por sua vez criava um dragão de komodo no quintal!", o que quero dizer é que não gosto de filmes óbvios, aqueles em que é possível imaginar o que acontecerá nas cenas pré-estrategicamente-selecionadas do trailer. E se tem coisa que odeio mais do que previsibilidade no cinema, são aquelas pessoas que contam o final ou conteúdos-chave de um filme que você não assistiu, e que esperava se surpreender assistindo. Então, se você se encaixa nesse perfil e não assistiu O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON páre (sim, eu gosto desse acento, e não quero deixar ele ir embora) de ler esse post AGORA.
Super divulgado aqui no Brasil, provavelmente pela quantidade de prêmios e nomeações que foi angariando no caminho rumo ao Oscar, O curioso caso de Benjamin Button chamou a minha atenção pelo mesmo motivo que deve ter chamado a atenção de todos: a dúvida de como seria a vida de quem nascesse velho e morresse jovem. Como seria esse bebê? Qual seria a reação da mãe? Como? Quando? Onde? Porque?
Por conta disso, e pela minha fixação no fator surpresa, não procurei saber muito do filme, exceto o que eu já sabia vendo o conteúdo do trailer.
Munida de pipoca com pouco sal e quantidade modesta de refrigerante, me acomodei da melhor forma possível para assistir as 2 horas e 46 minutos de filme. E francamente, não pareceram 2 horas e 46 minutos apesar de ter um rapaz com a cabeça do tamanho 1/4 da tela sentado na minha frente. O roteiro foi construído com a esperteza de quem quer fazer o público ficar até o fim no estado de espera: e agora, o que vai acontecer? E agora? Mas, o que vem depois? E esperando esperando, quando você se dá conta, puf, o filme já se foi.
Não posso negar que o intuito do filme é nobre e a mensagem é bela. Como o tempo é relativo, e como sentimos de diferente formas a passagem dele. E sim, ele responde sabiamente aquelas pessoas que teimam em dizer que deveríamos nascer velhos e morrer jovens plagiando alguém mais inteligente e mais importante que idiotamente disse isso um dia.
Enfim, todo mundo entende logo no trailer que o filme se trata de uma longa reflexão de quase 3 horas de como nós não valorizamos nosso tempo, nossos queridos, nossos amores, nossos lugares no curto espaço de uma vida. E mesmo assim, sim, dá um friozinho na barriga quando a gente percebe: "Poutz, o Benjamin nem vai ficar uma eternidade com a gatinha que ele ama".
Sobre a produção e principalmente a maquiagem, nem preciso rasgar muita seda. Só assistam ao Oscar e vocês verão chuva de estatuetas.
Agora a parte chata... se você foi teimoso o suficiente pra ler meu post até aqui, e é um defensor do filme, páre de ler AGORA.
O filme é um plágio. Tá, não é um plágio total. Ok, nem chega a ser um plágio. Mas, ah, que decepção. Antes da metade do filme comecei a ter uma sensação estranha. Alguma coisa me incomodava. Um filme em que um bebê nasce com cara de maracujá velho com reumatismo, é adotado por uma moça infértil e negra, e é criado em um asilo. É, é um enredo novo... mas porquê? Porque não me surpreende?
- Humm.
- O quê?
- Poxa vida... saquei.
- O quê?
- Presta atenção, esse filme não te lembra um outro filme?
- Hm, lembra.
- Só pra validar minha tese: qual?
- Forrest Gump.
Poxa vida... era isso mesmo, o filme era o Forrest Gump com personagens parcialmente diferentes, uma história bem diferente mas com a mesma abordagem, e como vim a saber depois, com o mesmo roteirista. Um acerto no talento, mas que pra mim, foi erro fatal. Vi Forrest em tudo.
Pra começar, o Benjamin apesar de adotado, foi cuidado com o mesmo carinho, dedicação e corujísse pela mãe, como Forrest. Tinha uma deficiência notada por todos, mas contava com o apoio e consolo da mãe, como Forrest. A repetida, conhecida e popular nos msn's frase: "A vida é como uma caixa de chocolates..." citada muitas vezes pela mãe e pelo próprio Forrest Gump, também ganha uma versão na boca da mãe e de Benjamin Button: "Nunca se sabe o que nos espera".
E as similaridades não param por aí.
- Tanto em Forrest Gump quanto em Benjamin Button, os protagonistas trabalham em alto-mar. Forrest inicia um negócio no ramo dos camarões com um amigo. Benjamin sai em alto-mar trabalhando em um rebocador. AMBOS acabam em uma guerra por conta disso e AMBOS perdem um amigo. Amigo esse que AMBOS conheceram por causa do trabalho que optaram por exercer em barcos. ( Ah, Celise, isso é implicância sua!)
- Em Forrest Gump, uma peninha aparece em momentos emocionantes de trilha sonora bonita, lembrando um amigo, um falecido, lembrando alguma coisa. Em Benjamin Button, não tem peninha. (Tá vendo, Celise, nem tudo é igual...) TEM UM BEIJA-FLOR. (Unf.)
- Tanto Benjamin Button quanto Forrest Gump são narrados em primeira pessoa, pelo personagem que dá nome aos filmes, com aquele arzinho de "essa história aconteceu comigo... acreditem!".
- Forrest passa grande parte da vida e do filme atrás de Jenny, seu grande amor desde a infância. Benjamin também, seu grande amor desde a infância/velhice Daisy.
- No final de ambos os filmes, (sim sim, vou falar sobre o final, se você não quer saber NÃO LEIA) OS DOIS acabam conhecendo seus filhos, que não haviam conhecido na ocasião do nascimento. E ambos fazem a MESMA pergunta: "Ele é normal?". É um desfecho emocionante, convenhamos. Mas tinha que usar duas vezes, Eric Roth?!
Todos disseram que Benjamin Button é uma fábula sobre o tempo, afinal ele teve que esperar que sua jovialidade alcançasse a velhice do seu grande amor. Mas Forrest também não é? Uma vida contada em um ponto de ônibus, lugar que julgo eu, é perfeito quando se fala de tempo, chegadas e partidas?
Ambos concorreram/concorrem a 13 Oscars.
Forrest Gump faturou 6.
Se o fator SURPRESA estabelecido por mim em meus julgamentos loucos valesse alguma coisa...
O Academy Movie Awards 2009 não seria tão generoso com Benjamin Button.
Ps: Meninas que curtem o Brad Pitt, aconselho a irem o mais rápido possível assistir ao filme. A recompensa pela espera da primeira aparição de Benjamin jovem, é equivalente a quantidade de suspiros que ouvi.
E ele ainda concorre na categoria de melhor roteiro adaptado... adaptado de que? (do Forrest Gump) hehehe
ResponderExcluirCê, o Forest num é adotado!
ResponderExcluirE obrigada por contar o final do filme, A D O R O saber/contar finais de filmes, livros, aliás, acabei de ler o último Harry Potter!
E vc viu que a Mônica beijou o Cebola?