Tivemos cachorros a vida toda: dois pastores, um boxer, dois vira-latas, dois poodles, 1 pintcher, e doze pitbulls. Sim, uma dúzia do difamado cão do inferno. Mas essa é uma outra história.
A verdade é que o coração da minha mãe não se saciava nunca com o projeto de zoológico que se tornava nosso quintal: tartarugas, passarinhos, peixes, coelhos, sem falar nas galinhas. Pra quem não acredita: os frangos Chester existem e eu tive um. Qualquer dia eu coloco a foto dele aqui.
A questão é que sempre sobrava o lugar do gato. E a história da gata Mim que teve que ser abandonada era uma questão recorrente: Eu tive que dar minha gata embora, snif.
ATÉ QUE UM DIA...
Um miadinho sem vergonha começou a incomodar-nos.
Isso é comum no bairro onde moramos, sei lá o que aconteceu com a fauna felina de lá, mas eu tenho uma teoria de que no meu bairro algum sádico do inferno espirra ferômonios nos telhados. É o antro dos gatos assanhados, e a discrição passa longe das sessões românticas.
E como diria Cumpade Washigton: depois de nove meses você vê o resultado. Segura o tchan, gato safado. Porque no seu caso, nem são nove meses pra ver o resultado: depois de 2 meses a gataria já tá berrando por leite. E é aí que começa a aparecer gatinho na calha, no telhado, dentro da caixinha de correio, embaixo do carro, dentro do motor. É incrível, se não me explicassem que aquela briga em cima do telhado é uma sessão sex all the night long, eu ia jurar que gato nasce por brotamento. Cai um pelinho alí e PUF! Mãããeee tem um gatinho novo apareceu na calha. PUF! Mããããeeeee tem um gatinho miando embaixo no carrro. PUF! MÃÃÃEEEE TIRA ESSE GATO DO MEU CEREAL!
E mesmo aparecendo tantos gatinhos, eles sempre eram resgatados pela gata. Eles voltavam pras profundezas de onde eles vieram, talvez pra puta que os havia parido, não sei. Os gatos sumiam do jeito que apareciam, quase sempre acompanhados de um impropério por parte do meu pai, o inimigo número um dos gatos domésticos.
Mas, o miadinho que estava co-habitando com a nossa rotina diária dessa vez, não ia embora.
- Mãe, me passa o sal. (miu miu miu miu miu)
- O Jornal Nacional começa agora, boa noite. (miu miu miu miu miu)
- Acho que vou dormir (miu miu Miu MIU MIU) Talvez, não. (MIU MIU MMMIIIUUU).
Achamos justo que, talvez, alimentar o pobre bichano e dar um lugarzinho mais confortável que a caixinha de correio para ele dormir, não faria mal algum. Afinal, era só até o outro dia, quando procuraríamos a gata-mãe ou o dono. Ou quem sabe UM dono.
No outro dia...
- Mãe, e aí, já deu o gato embora?
- Não.
- NÃO?!
- Ninguém quer ele.
- Mas ele é um gato siamês, alguém TEM que querer ele.
- Ninguém quer.
- Mas e a veterinária, não fica com ele lá?
- Já tem 5 gatinhos abandonados que ela acolheu.
- E os vizinhos?
- Então... parece que foram justamente eles que jogaram o gato aqui.
- O QUÊ?
- Eles foram jogando o gato de casa em casa, até que jogaram aqui em casa.
- E você ficou com o gato.
- É.
- Já te ocorreu que deve ter sido por isso que eles jogaram aqui?
- É.
Meu pai não gostava de gatos, mas a idéia de jogar um bebê gato na rua é coisa de ciclopes carnívoros sem coração. Então ele concordou que o gato ficasse até encontrar um novo dono, contanto que, ele não entrasse em casa e ficasse APENAS na garagem.
E ele ficou, um dia, dois dias, uma semana. Nada de novo dono.
Algo em meu coração dizia que o gato já tinha encontrado um novo dono, e provavelmente ela era a causa de ninguém mais se interessar em adotá-lo.
Até que meu pai deu o ultimato: - Amanhã, esse gato vai ter que ir embora, entrega no mercadão. Minha mãe disse baixinho: - Mas eu já tinha escolhido o nome, se ele ficasse ia se chamar CHIN.
Pensei comigo:
- Quando escolhe o nome... poutz: fodeu.
Aaah! Eu quero um gatinho! Só não sei se seria possível mantê-lo dentro do apartamento nos dias de assanhamento...
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