Se tem uma coisa que meu pai gosta menos que gatos, é ver a minha mãe infeliz.
Minha mãe é mestra na arte da manipulação.
Teve uma vez, que ela queria arrumar o armário, armário esse que é gigantesco, e que pode abrigar a população inteira de malhas de Monte Sião e todos os sapatos já criados em Franca. Mas, por algum motivo complexo demais para compreensão humana, ela encasquetou que precisava de uma sapateira. - Nem pensar. Olha o tamanho desse armário. Não vai gastar dinheiro com isso. - Óbvio que esse seria o veredicto paterno a respeito da sapateira.
Pra convencê-lo, ela arrumou todo o armário, camisas por ordem de cor, departamento de paletós, roupas de frio, cintos. Era de chorar de tão lindo que ficou. Quando ela terminou de mostrar seu grande feito organizacional, ela lentamente virou o corpo do meu pobre e manipulado pai para o lado oposto do quarto e soltou a pérola:
- Ficou lindo, né? Mas pra organizar assim, eu tive que comprar aquela sapateira.
Momento de tensão.
Pensei comigo: Ai, ai, ai meu santo da mobília compensada. Lá vem aquela bronca caprichada, com direito a exposição do orçamento doméstico, um pequeno dramalhão a respeito do suor do trabalho, e um maço de cigarro fumado.
E aí...
Nada.
MEU PAI NÃO FALOU ABSOLUTAMENTE NADA.
Apenas um modesto:
- Uhum. Ficou bom.
WHATAHELL?
Ah mãe, se você montasse umas apostilas... garanto que seria best-seller.
mulheres. nos tem onde querem.
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