terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Neto de desastre, desastrinho é.


Meu irmão é um ser único.
Eu diria isso com mais confiança se eu tivesse certeza dessa afirmação. Acontece que meu irmão não é um ser único, porque meu pai dizia exatamente isso do meu avô. Ele morreu quando eu tinha 10 anos, mas ouvi muitas pessoas testemunharem sobre as proezas que meu avô realizava graças a falta de atenção recorrente em tudo que ele fazia. Quando ele ainda era vivo, inclusive. E não era uma coisa: "Ah, tá velho gagá, faz essas bobagens mesmo". Não! Eram bobagens altamente blogáveis no O Lado da Manteiga, cometidas desde jovem.
E meu irmão é assim, faz grandes bobeiras porque não presta atenção, se esquece com quem está falando no fim da ligação, não consegue repassar um recado, não consegue fazer nenhum favor. Pedir pra ele trazer qualquer coisa pra casa? Náh. Como era isso? Não sei. O que você comeu no almoço? Bahhnnnhg.
Mas o irmão desatrinho vai ficar pra outro post.
Esse é pra contar uma das histórias que eu ouvi hoje pela milésima vez, mas mesmo assim, é engraçada.
Como eu disse, meu avô não prestava muita atenção nas coisas em geral. Vivia levando bronca da minha avó, porque perdia mercadoria, porque esquecia onde tinha guardado o dinheiro, porque não viu um cachorro quando começou a comer o almoço dele. Ele teve várias profissões, vendia queijo e frios, eu o conheci como motorista de táxi, mas isso aconteceu quando ele trabalhava como motorista de uma empresa rodoviária, fazendo o transporte dos funcionários de uma fábrica.
Segundo meu pai, ele fazia vários turnos. Estacionava o ônibus na entrada da fábrica e ficava conversando com outros motoristas, até que o ônibus enchesse e desse a hora de partir com a peãozada. Como ele trabalhava vários anos como motorista, e conhecia muitos outros que trabalhavam também, as vezes, ele pegava carona pela cidade.
Um dia, ele estava na entrada da fábrica como de costume, conversando com um dos amigos motoristas. Conversa vai, conversa vem...
- Oh, Seu Julião... entra aqui na cabine do ônibus pra gente conversar, o ônibus tá quase cheio.
Meu avô entrou no ônibus. Continuou a conversar com o amigo motorista. E conta causo da famía, conta causo da roça... O motorista perguntou:
- Vou parar alí na pracinha perto da sua casa pro senhor descer.
Meu avô achou ótimo, perto de casa, ganhou carona, ia chegar mais cedo.
20 minutos depois que ele tinha chegado em casa, a empresa liga:
- Senhor Julião! Onde o Senhor está? O ONIBUS COM OS FUNCIONÁRIOS DA FÁBRICA ESTÁ AQUI, CHEIO, ESPERANDO A MAIS DE 50 MINUTOS PELO MOTORISTA!

Meu avô se esqueceu completamente que estava na fábrica à serviço, e foi embora.
Esqueceu um ônibus de gente.

3 comentários:

  1. Essa é boa... hheehe. Têm uma legal do meu avô também:

    Ele já namorava a minha avó, e participa de uma equipe de remo que estava disputando uma prova no rio quilombo (que na época não era um bosteiro como é hoje). Deu a largada, a prova correu e foram chegando as equipes. Chega a primeira, segunda, terceira.. etc... e nada do barco do meu avô.

    Deu uma hora que chegaram todas e nada da equipe dele.

    Duas horas....

    6 horas....

    8 horas....

    Minha bisavó já rezando pra encomendar a alma, minha avó chorando... eis que chega o meu querido avô. Bêbado feito um porco, caindo pelos lados... Resumo da história... durante a prova eles avistaram uma festa acontecendo na margem do lago. Sem nenhuma dúvida do que era certo fazer, pararam e tomaram todas!

    Super responsável... hehehehe

    Bjao! Daniel Scumparim
    - - - - - - - - - - - -
    Visite meu blog: http://dscumpa.blogspot.com/

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  2. O que são 40 ou 50 pessoas num busão quando se descola uma carona pra casa?

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